Partilha do saber de Luís Dias Costa (Memórias de Braga). Largo de Infias/S. Vicente.
PASSEANDO POR BRAGA
LARGO DE INFIAS
CRUZEIRO DO SENHOR DAS ÂNSIAS
Apesar de ser um belo recanto este este pequeno jardim que tem a emoldurado o Cruzeiro do Senhor das Ânsias, que para este local foi removido do Largo dos Penedos, entre as ruas do Chãos e do Carvalhal tem a ensombrá-lo uma placa género publicitária que impede a sua vista a quem, vindo dos lados de Vila Verde, por ali passam e não dão por ele. Só a falta de visão, a falta de bom gosto, com a aquiescência dos serviços camarários, podem justificar este atentado. Não haveria outro lugar para colocar aquele mostrengo? Tem a palavra os responsáveis. Este símbolo da religiosidade das gentes bracarenses de hoje e antanho, e o respeito que nos merece as suas crenças, exigem mais respeito pelo que representa.
A imagem de Cristo Crucificado – o Senhor das Ânsias - é de grande devoção das pessoas de Infias, Monte de Arcos, Areal e outros pontos da cidade.
A cúpula deste cruzeiro-oratório é sustentada por três colunas com capitéis de estilo coríntio. Uma lâmpada de azeite presta a sua homenagem ao Senhor das Ânsias.
Fronteiro a esta placa ajardinada encontramos dentro de um jardim gradeado o
PALACETE ARANTES
Construído no início deste século para o capitalista bra-sileiro Adelino Arantes, hoje (2004) Albergaria. E uma casa tipicamente brasi¬leira com o seu jardim romântico, lago e fachada na qual se destaca o mirante, habitual nestas construções.
A entrada da rua de Infantaria 8 e já como começo da estrada nacional que nos leva a Vila Verde e Alto Minho, deparamos com a
CASA DE VALE FLORES
casa brasonada do século XVII, que ainda hoje está na posse dos descendentes dos seus antigos proprietários. Junto encontra-se, pertença da casa, a capela de
NOSSA SENHORA DO PILAR
que foi dedicada ao Bispo de Elvas, D. Alexandre da Silva, a quem sucedeu na posse, depois da morte, sua irmã D. Natália da Silva, que por sua vez a deixou à Irmandade de Santa Cruz. Em 1687, data que consta da inscrição que está sobre a porta principal, fez dela aquisição por compra João Borges Pereira Pacheco, antepassado dos actuais pro¬prietários.
A Casa de Vale Flores, bem como a capela de Nossa Senhora do Pilar, estão classificadas pelo decreto 129/77, de 29/09/1977, como imóveis de interesse público.
Deixando de lado este nobre palacete, entramos na rua de Infantaria 8 ao fundo da qual deparamos com o hoje
QUARTEL DE CAVALARIA DE BRAGA
digno sucessor de outros regimentos de cavalaria que se cobriram de glória nos Campos de Batalha. Aqui esteve instalado, e para isso foi construído, o Regimento de Infantaria 8, que nas Lutas Liberais, e depois de um problema de quartel, veio de Extremoz, e se fixou definitivamente em Braga, por decreto de D. Maria II. Depois de 1974 passou a ser denominado por Regi-mento de Infantaria de Braga, acabando por ser extinto e passar ser Regimento de Cavalaria
Estamos agora no
AREAL
onde vamos encontrar a
CAPELA DO SENHOR DO ALECRIM
Estranhamento, Albano Belino não faz referência a este pequeno templo e dai talvez se possa concluir que a sua construção se tenha iniciado tardiamente, aven¬tando mesmo a publicação «III Centenário da Igreja de São Victor», com interrogação da sua construção ser do século XIX, e isto por, como diz «Falta de documentação».
No entanto na sua arquitectura singela, parece que os seus iniciadores quiseram ter adoptado um estilo (tardio), pois a sua fachada apresenta sobre a porta um frontão fechado, em ângulo, encimado por um janelão ovalado, com intercepções. No cimo da platibanda uma cruz sin¬gela assente sobre um acrotério quadrangular, no qual se notam uns pequenos frisos. Como remate dos cunhais da fachada vêem-se dois pináculos (um em cada lado). Junto à porta de entrada duas pequenas janelas quadran¬gulares completam o conjunto. A face voltada a Sul ostenta ainda uma grande janela que ilumina o interior que, de notável, apenas tem um retábulo de estilo renas¬centista (tardio), com uma boa talha bastante bem con¬servada mas que não apresenta a riqueza de outros seme¬lhantes por não ter sido aproveitado o ouro para o aumento do seu valor.
O seu retábulo apresenta ao centro um nicho com peanha onde assenta um crucifixo em granito pintado.
A esta pintura deram o nome do Senhor do Alecrim, nome que passou para a Capela e para a Quinta que a rodeia.
Braga, 22 de Março de 2014
LUÍS COSTA
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